Há uma música do Tom Waits chamada House Where Nobody Lives. As letras falam de uma casa abandonada e fria. As pessoas que a habitavam foram embora com todas as suas coisas e não voltaram. Uma casa onde ninguém vive.
A presença do ausente, uma janela para o imaginário, um convite que surge para a construção de um pensamento singular, mas que se multiplica em várias possibilidades.
A questão da analogia com a música é pensar se um filme que ninguém viu pode ser associado a estas possibilidades. Creio que não. Faltam elementos para despertar qualquer tipo de sensação. Ela acontece a partir da obra pronta, no cinema. Um filme que ninguém viu é como o vazio, repleto de energia potencial, mas invisível ao olhar. Diferentemente daquela casa vazia de que fala Tom Waits, um filme que ninguém viu não poderá despertar coisa alguma. Parece um desperdício de arte. E precisamos tanto dela!
O cinema é coletivo na sua construção desde a sua existência, salvo raras exceções. E a possibilidade de encontrar várias formas coletivas de mostrá-lo ao mundo são sempre importantes.
Viva a liberdade de expressão!
Para ouvir a múscia
https://www.youtube.com/watch?v=W0YxjH09TDU