Quando olhamos para o mundo e ele nos parecer bom, isso nos dá alegria. Ao contrário, se ao olhar para o mundo, ele não nos parecer bom, isso nos causa tristeza. Até podemos nos cercar de bons pensamentos, de atividades que nos tragam bem estar, mas talvez, a verdade deva ser aquela que vem na forma mais crua. De forma natural.
O mundo não está bom. Como poderia? Ele tem nos mostrado as barbáries do século XXI. Não que não aconteçam coisas legais, elas acontecem, entretanto, quando o princípio da vida é descartado do pensamento humano, como forma de poder, nada parece poder superar nossa tristeza.
Momentos de tristeza não são necessariamente momentos de procrastinação, embora esta possa ser uma possibilidade.
Um dia, assisti a uma entrevista com a atriz Irene Ravache. Quando perguntada sobre as manifestações de junho, ela respondeu algo mais ou menos assim: “olha, antes, quando eu vinha ensaiar minha peça pela manhã, passava em frente aos bares e via aquela quantidade de jovens tomando cerveja naquela hora e pensava: puxa, minha geração bebia muito, mas era a noite, de manhã estávamos criando, discutindo política, etc. Esses jovens estão alienados. Então, quando vejo, os jovens discutindo e manifestando sua indignação, buscando um mundo melhor para todos, só posso ficar contente. ”
É possível, dessa forma, olhar para o mundo de frente, e encontrar alguma alegria.
Do outro lado, do lado do poder, nem é o caso de esperar amor, claro. Porém, na ausência de amor, não é necessário encontrar ódio. Agir com violência é escolher o ódio como resposta às indignações da sociedade e isso não cabe num país democrático. Há formas de tratar todos os assuntos. A virtude moral oferece muitos caminhos: a tolerância, a negociação, a busca de soluções justas. Não é tão difícil assim.
opinião: renata saraceni
Categorias
Arquivos
novembro 2024 S T Q Q S S D « nov 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30